04/08/2007

Solidão

Aqui estou nesta noite serena de verão. Sozinha, perdida, tentando encontrar um motivo que me ajuda a passar estas horas de insónia. Á minha frente vejo o céu estralado, oiço as cigarras a cantar, sinto a frescura que a noite traz. Ao meu lado um livro para ajudar a passar o tempo, algumas revistas banais, o telemóvel, que não toca nem me traz notícias tuas. Dentro de mim, o vazio, um coração apertado, um dor fininha que teima em não desaparecer... e tu, no meu pensamento. Estou aqui, sentada, mas meu pensamento está longe, bem longe daqui. Fez uma longa viagem, aos tempos em que os sábados à noite eram nossos. E voo para longe daqui. vejo-nos indo estrada fora, na escuridão da noite, sem destino, nem hora marcada, conversando, rindo, sonhando, trocando mimos, carícias... abafando o desejo. Vejo-me a mim, feliz, ouvindo a tua voz ao meu ouvido... deitada sobre os teu ombro, mão na mão, estrada fora. Á nossa frente: o mundo! Vejo-te a ti, sorrindo. Sinto que estás feliz, não só porque o sinto, e isso não se consegue explicar, mas também porque não te cansas se mo dizer. Falas do que sentes quando estás a meu lado, dizes que o mundo parece caber todo na tua mão, que o tempo parece parar, que mais nada existe, só eu e tu, e a escuridão da noite. E pensando nisto sinto uma enorme saudade, das horas intermináveis que passámos ao telefone, porque não podíamos estar juntos, das palavras loucas, dos desejos recalcados, do coração a bater de paixão... Não me peças para explicar o que foram esses tempos. Não consigo fazê-lo. Penso que nem tu. Não sei porque desapareceu todo aquele fogo, todo aquele amor que teimavas existir... Onde? para onde foi? o que aconteceu? Porque me esqueceste? Como é possível esquecer quem nos faz feliz? será que foste feliz comigo como dizias ser? Será que me enganei assim tanto quando o senti? Eu sei que nada é eterno, que tudo esmorece... só um amor verdadeiro pode resistir ao passar do tempo, À distância, à saudade... Saudade!! É ela que me faz hoje companhia, e te traz de volta à minha lembranças. o que me faz sentir-te sempre presente, mesmo distante, cada vez mais... e faz-me sonhar. È por ela que venho aqui, ao calor do teu abraço, para desabafar no teu aconchego a falta que sinto de ti. Olho ao meu redor... a noite continua serena, as estrelas brilham, o telemóvel não toca, e tu? Onde estás? em que pensas? Com que partilhas o teu abraço?

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