15/05/2008
Mulher da Rua
Mulher da vida, de olhar apagado, de rosto cansado e corpo esquecido. Todos te olham, ninguém te vê.
Num canto da rua, esquecida, perdida, vazia. Esperando...
Não sabes quem és. Há muito te esqueceste.
Quem te procura não te quer, quem tu queres não te vê.
Onde estás? Há quanto tempo andas perdida?
Quem passa não te conhece, não sabem que nunca foste quem gostarías de ter sido.
Numa rua deserta, na noite escura, tendo apenas um cigarro como companheiro, exibindo o que resta de ti. Foi a vida que te fez ou foste tu que fizeste a vida? Quanta angústia guardas dentro de ti? Contas aos que passam os teus segredos, as tuas mágoas, os teus receios...
Ninguém te ouve. Não estás ali.
Quem te procura não sabe, que nada recebe, pois nada te dá. Quem te procura não sabe que nada leva de ti.
Eles não sabem que deixam uma ferida no teu coração, nesse coração esquartejado, que ainda bate algures e te faz sentir viva.
Eles não sabem que sentes a dor de dar a quem não amas, o que há muito já perdeste. Eles não sabem que te dás, porque há muito desististe de encontar quem desde sempre procuras.
És tu, mulher da vida, aquela que da vida tudo sabe, à vida tudo dá, e dela nada recebe.
Mas eles não sabem. Nem querem saber...
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