Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era eu meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
Florbela Espanca - Charneca em Flor
In "Sonetos"
1 comentário:
A Florbela Espanca tem sonetos lindissimos, que nos tocam bem cá dentro nos momentos em que estamos mais em baixo. Tb passei pela fase de procurar esses sonetos... o pequeno senão é que os que me chamavam a atençao eram mais do que apenas tristes. Eram depressivos e quase vazios de esperança... tas proibida de ler esses!! Jinhos grandes
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