Domingo à tarde

É Natal. Saio pelas ruas desta linda cidade e à minha volta só vejo gente. Muita gente.

Faz frio. Nas ruas têm muita cor.

Vou andando por aí, tropeçando nesta imensidão de gente. Oiço crianças brincando, o pregão do cauteleito. Sinto os cheiros de castanha assada...de pipocas.

Nem sei bem onde estou, muito menos onde quero ir. Vou avançando pelas ruas, gosto do que vejo, mas sei que não é ali que quero estar.

Estou rodeada de gente, mas sinto-me só. Encandeio-me com tanta luz, mas por dentro não tenho cor. observo a alegria da época, mas sinto uma tristeza na alma.

Páro por uns instantes, e observo. Como é lindo tudo o que vejo!!

Nem preciso fechar os olhos, para sonhar acordada. Vejo-me ao teu lado, rindo, aconchegada a ti, olhando tudo o que me rodeia. seguimos juntos, mão na mão, rompendo as ruas estreitas, apenas ouvindo os nossos passos na calçada. Mordiscamos pipocas, bebemos um chá quente...

Dou comigo a sorrir, por dentro e por fora. Tudo em mim se transforma. As ruas tornam-se desertas, só existes tu. Os meus olhos cintilam como as luzes do natal, no meu peito há música, cor e alegria.

O meu presente és tu!!

O electrico anuncia a sua chegada com meia dúzia de badaladas. Desperto do meu sonho.

Tento encontrar-me mas sei que estou contigo, num lugar qualquer. Continuo a caminhada, sozinha. Tanta gente à minha volta, e só sinto a tua falta.

Queria tanto que estivesses aqui comigo. Não precisas dizer nada. A tua presença já me basta.

Dá-me a tua mão. Aconchega-me no teu regaço. Olha comigo a imensidão do mar. Hipnotiza-me com o teu beijo, e não me deixes acordar, se não estiveres comigo!!

Sei que um dia já estivemos ali. Há marcas da nossa presença nos locais por onde passo. Dói-me pensar que podemos não voltar a repetir esses momentos. choro por dentro. Por ti. Por mim.

Já é tarde. Regresso a casa. Acabou o dia.

Um longo e triste dia, sem ti.